passe a noite passe a peste passe o verão passe o inverno passe a guerra e passe a paz
passe o que nasce passe o que nem passe o que faz passe o que faz-se
que tudo passe e passe muito bem
não fosse isso e era menos, não fosse tanto e era quase. in: Toda poesia. São Paulo: Companhia das Letras, 2013, p. 85.
*
um dia a gente ia ser homero a obra nada menos que uma ilíada
depois a barra pesando dava pra ser aí um rimbaud um ungaretti um fernando pessoa qualquer um lorca um éluard um ginsberg
por fim acabamos o pequeno poeta de província que sempre fomos por trás de tantas máscaras que o tempo tratou como a flores
polonaises. in: Toda poesia. São Paulo: Companhia das Letras, 2013, p. 71.
*
profissão de febre
quando chove, eu chovo, faz sol, eu faço, de noite, anoiteço, tem deus, eu rezo, não tem, esqueço, chove de novo, de novo, chovo, assobio no vento, daqui me vejo, lá vou eu, gesto no movimento.
la vie en close. in: Toda poesia. São Paulo: Companhia das Letras, 2013, p. 279.
***
Nascido em 24 de agosto de 1944 em Curitiba, Paulo Leminski é autor de uma extensa e relevante obra literária, que inclui poesias, romances, contos, biografias, traduções e letras de músicas. Foi poeta, escritor, tradutor, professor de cursinho e um “bandido que sabia latim”, como no título de sua biografia. Entre suas obras mais conhecidas estão Catatau, Agora é que São Elas, Caprichos e Relaxos e Metamorfose, uma Viagem pelo Imaginário Grego. Leminski faleceu em 1989, aos 44 anos.
Foto: Reprodução.
que tudo passe
passe a noite
passe a peste
passe o verão
passe o inverno
passe a guerra
e passe a paz
passe o que nasce
passe o que nem
passe o que faz
passe o que faz-se
que tudo passe
e passe muito bem
não fosse isso e era menos, não fosse tanto e era quase. in: Toda poesia. São Paulo: Companhia das Letras, 2013, p. 85.
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um dia
a gente ia ser homero
a obra nada menos que uma ilíada
depois
a barra pesando
dava pra ser aí um rimbaud
um ungaretti um fernando pessoa qualquer
um lorca um éluard um ginsberg
por fim
acabamos o pequeno poeta de província
que sempre fomos
por trás de tantas máscaras
que o tempo tratou como a flores
polonaises. in: Toda poesia. São Paulo: Companhia das Letras, 2013, p. 71.
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profissão de febre
quando chove,
eu chovo,
faz sol,
eu faço,
de noite,
anoiteço,
tem deus,
eu rezo,
não tem,
esqueço,
chove de novo,
de novo, chovo,
assobio no vento,
daqui me vejo,
lá vou eu,
gesto no movimento.
la vie en close. in: Toda poesia. São Paulo: Companhia das Letras, 2013, p. 279.
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