Lavar os pés do Tempo e se recolher à margem de sua cama,
deita o arrebol junto ao corpo, salgado no rosto.
COBRA RASTEIRA
O rio serpenteia as várzeas, sobre mim, os braços do meu bem.
Em movimento sanfonado, toda distância é mínima, todo caminho circular.
É de talho no peito: vereda tropical.
ESPELHO ENTERRADO
Vertigens dos trópicos e a febril América Latina. Mariposas dos sonhos cintilam ao redor do candeeiro à procura de calor. Corpos mestiços, terra sangrada.
Rastos de meu avô Guarani – Espelho enterrado, empoeirado, um retrato 3×4.
Ao fundo, uma Gameleira-branca alteia o vestido de minha avó. E o Paraguai nunca esteve tão perto das mãos – ou, talvez, tão longe.
A mão que me afaga a pele: “duerme, duerme, negrito que tu mamá está en el campo.” Galgada a fronteira, o chão borbulha, meu corpo ferve.
*
*Todos os poemas acima fazem parte do livro Árido (2020, Editora Penalux).
***
.
Vitor Resquin, poeta, angoleiro e educador. De Embu das Artes a São Paulo, a infância. Filho de um casal da zona leste paulistana: do pai, a maldição do samba; da mãe, o terreiro; da vida, a capoeira. Autor de Naufragar como Verbo (2017, Editora Reformatório) e sua mais recente publicação Árido (2020, Editora Penalux), ambos livros de poesia. Publicou um artigo cientifico no período de graduação, intitulado História de Pescador: O ato de Narrar em Mar Morto, disponível na Fundação Casa Jorge Amado. Teve oportunidade de participar de revistas literárias e exposições de arte, como o projeto Como eu escrevo de José Nunes (2019) https://comoeuescrevo.com/vitor-resquin/, na revista eletrônica de poesia Poesia primata (2020) e na revista de critica, literatura e audiovisual Ruído Manifesto (2020) http://ruidomanifesto.org/cinco-poemas-de-vitor-resquin/. Foi artista convidado no coletivo embuense, CONTEMPORÂNEOS, em 2016, no Centro Cultural Mestre Assis do Embu:
Foto: MichaelGaida por Pixabay
TEMPO (IROKO)
Lavar os pés do Tempo
e se recolher à margem de sua cama,
deita o arrebol junto ao corpo,
salgado no rosto.
COBRA RASTEIRA
O rio serpenteia as várzeas,
sobre mim, os braços do meu bem.
Em movimento sanfonado,
toda distância é mínima,
todo caminho circular.
É de talho no peito:
vereda tropical.
ESPELHO ENTERRADO
Vertigens dos trópicos e a febril América Latina.
Mariposas dos sonhos cintilam ao redor do candeeiro à procura de calor.
Corpos mestiços, terra sangrada.
Rastos de meu avô Guarani
– Espelho enterrado, empoeirado, um retrato 3×4.
Ao fundo, uma Gameleira-branca alteia o vestido de minha avó.
E o Paraguai nunca esteve tão perto das mãos
– ou, talvez, tão longe.
A mão que me afaga a pele:
“duerme, duerme, negrito
que tu mamá está en el campo.”
Galgada a fronteira, o chão borbulha, meu corpo ferve.
*
*Todos os poemas acima fazem parte do livro Árido (2020, Editora Penalux).
***
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Vitor Resquin, poeta, angoleiro e educador. De Embu das Artes a São Paulo, a infância. Filho de um casal da zona leste paulistana: do pai, a maldição do samba; da mãe, o terreiro; da vida, a capoeira. Autor de Naufragar como Verbo (2017, Editora Reformatório) e sua mais recente publicação Árido (2020, Editora Penalux), ambos livros de poesia. Publicou um artigo cientifico no período de graduação, intitulado História de Pescador: O ato de Narrar em Mar Morto, disponível na Fundação Casa Jorge Amado.
Teve oportunidade de participar de revistas literárias e exposições de arte, como o projeto Como eu escrevo de José Nunes (2019) https://comoeuescrevo.com/vitor-resquin/, na revista eletrônica de poesia Poesia primata (2020) e na revista de critica, literatura e audiovisual Ruído Manifesto (2020) http://ruidomanifesto.org/cinco-poemas-de-vitor-resquin/. Foi artista convidado no coletivo embuense, CONTEMPORÂNEOS, em 2016, no Centro Cultural Mestre Assis do Embu:
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