“Caminhando”, de Indiara Nicoletti. Gravura em metal. Técnica: ponta seca. Ano: 2017.
Flores azuis
As calçadas estão repletas de pétalas.
Flores tombando, declinando, colorindo as janelas.
Cobrindo a cidade bela.
Quero parar o passo e me curvar para estas flores alcançar.
Colher neste concreto.
Mas prefiro congelar a sua beleza adormecida.
Meu coração já parou de bater.
Alto, entre ecos e turbilhões…
Fez-se silêncio.
Em meu corpo interno. Fez-se silêncio.
Em meu corpo externo. Fez-se silêncio.
Em meus passos, No mover dos carros, No vento que despetala…
Nesta noite tranqüila e ávida.
Fez-se silêncio.
Em meus lábios adormecidos, Sonhos foram… silenciados.
E tudo o que me resta, Nesta noite repleta de sereno.
Onde o inverno desenhou com giz pastel seco…
Borrou estas flores azuis.
Em meu caminho rotineiro
Onde todo agitado mar, Foi levado pelo vento.
Em meu céu
Bem longe, Bem longe, Bem longe…
Entre as brumas e devaneios.
Nestas flores azuis, despetalando todos os sentimentos.
Fez-se silêncio
*
Pediu a si Que tudo se cale
Como as pedras e rochas
Contornando o mar
Paisagem Perdida Outra Miragem
Distante Tempo
Repousa O voo dos pássaros Entre as árvores
Na janela já não há
Espaço
O sonhar preencheu todos os céus
*
Quando o dia raiar
Você irá avistar
Girassóis a girar
Campo macio Camomila Sonhos
Despertam Vento Azul
Alfazemas Entre a nuca e o céu
Pássaros Aos seus ouvidos
Lhe beijam Esta canção
Leve contigo este dia
Um gesto singelo
Esta bruma rosa- doce
O ar dourado
De um mar De Sol
*
Os três poemas fazemparte do livro Canção do mar além (Editora Córrego, 2019).
***
.
Indiara Nicoletti Ramos (São Paulo/SP) é autora do livro Canção do mar além, recentemente publicado pela Editora Córrego/2019. Bacharel em Artes Plásticas pela UDESC – Univ. do Estado de Sta. Catarina, participou de diversas exposições, no Brasil, Canadá e Argentina, entre elas; “Tipografia: Substantivo Feminino”, com curadoria de Juliana Crispe em 2019 na galeria Choque Cultural/SP, e em 2020 no Design Center/Curitiba, e a exposição “A história ocultou e a cidade tem para nos contar”, curadoria de Juliana Crispe, Lilian Amaral e Baixo Ribeiro. Ambas como parte da programação da Bienal Internacional de Arte Contemporânea de Curitiba/2019 e 2020. Trabalha com desenhos, gravuras e poesias, na área da gravura no campo expandido realizou a instalação “Olho/Infinito/Labirinto” em 2017, que fez parte da exposição coletiva “Corpos que percorrem um espaço dividido” na Funarte/SP. A instalação consiste em um panorama de gravuras com mais de 12 metros, um labirinto em tecido voil e uma gravação sonora com textos autorais de 38:38 minutos. A exposição é fruto de uma residência artística que durou oito meses “Ateliers Educativos – MINC/Funarte”, através do Coletivo Amuela em 2017. Como escritora participou das seguintes antologias; Sto. Largo Treze/2008, Antologia Sarau do Burro/Selo DoBurro/2012, Antologia Sarau do Binho/2013, Antologia Ruínas – Editora Patuá/2020, com o conto “Safira”.
“Caminhando”, de Indiara Nicoletti. Gravura em metal. Técnica: ponta seca. Ano: 2017.
Flores azuis
As calçadas
estão repletas
de pétalas.
Flores tombando,
declinando,
colorindo as janelas.
Cobrindo a cidade bela.
Quero parar o passo
e me curvar
para estas flores alcançar.
Colher neste concreto.
Mas prefiro
congelar a sua beleza
adormecida.
Meu coração
já parou de bater.
Alto, entre ecos
e turbilhões…
Fez-se silêncio.
Em meu corpo
interno.
Fez-se silêncio.
Em meu corpo
externo.
Fez-se silêncio.
Em meus passos,
No mover dos carros,
No vento que despetala…
Nesta noite
tranqüila e ávida.
Fez-se silêncio.
Em meus lábios
adormecidos,
Sonhos foram…
silenciados.
E tudo o que me resta,
Nesta noite
repleta de sereno.
Onde o inverno desenhou
com giz pastel seco…
Borrou
estas flores
azuis.
Em meu
caminho
rotineiro
Onde todo agitado mar,
Foi levado pelo vento.
Em meu céu
Bem longe,
Bem longe,
Bem longe…
Entre as brumas
e devaneios.
Nestas flores azuis,
despetalando todos
os sentimentos.
Fez-se
silêncio
*
Pediu a si
Que tudo
se cale
Como
as pedras
e rochas
Contornando
o mar
Paisagem
Perdida
Outra
Miragem
Distante
Tempo
Repousa
O voo
dos pássaros
Entre
as árvores
Na janela
já não há
Espaço
O sonhar
preencheu
todos os céus
*
Quando
o dia raiar
Você
irá avistar
Girassóis
a girar
Campo
macio
Camomila
Sonhos
Despertam
Vento
Azul
Alfazemas
Entre a nuca
e o céu
Pássaros
Aos seus
ouvidos
Lhe beijam
Esta canção
Leve
contigo
este dia
Um
gesto
singelo
Esta
bruma
rosa- doce
O ar
dourado
De um
mar
De Sol
*
Os três poemas fazem parte do livro Canção do mar além (Editora Córrego, 2019).
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Indiara Nicoletti Ramos (São Paulo/SP) é autora do livro Canção do mar além, recentemente publicado pela Editora Córrego/2019. Bacharel em Artes Plásticas pela UDESC – Univ. do Estado de Sta. Catarina, participou de diversas exposições, no Brasil, Canadá e Argentina, entre elas; “Tipografia: Substantivo Feminino”, com curadoria de Juliana Crispe em 2019 na galeria Choque Cultural/SP, e em 2020 no Design Center/Curitiba, e a exposição “A história ocultou e a cidade tem para nos contar”, curadoria de Juliana Crispe, Lilian Amaral e Baixo Ribeiro. Ambas como parte da programação da Bienal Internacional de Arte Contemporânea de Curitiba/2019 e 2020. Trabalha com desenhos, gravuras e poesias, na área da gravura no campo expandido realizou a instalação “Olho/Infinito/Labirinto” em 2017, que fez parte da exposição coletiva “Corpos que percorrem um espaço dividido” na Funarte/SP. A instalação consiste em um panorama de gravuras com mais de 12 metros, um labirinto em tecido voil e uma gravação sonora com textos autorais de 38:38 minutos. A exposição é fruto de uma residência artística que durou oito meses “Ateliers Educativos – MINC/Funarte”, através do Coletivo Amuela em 2017.
Como escritora participou das seguintes antologias; Sto. Largo Treze/2008, Antologia Sarau do Burro/Selo DoBurro/2012, Antologia Sarau do Binho/2013, Antologia Ruínas – Editora Patuá/2020, com o conto “Safira”.
Link para a compra do livro Canção do mar além/Editora Córrego: https://editoracorrego.minhalojanouol.com.br/produto/267961/cancao-do-mar-alem-de-indiara-nicoletti-ramos
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