da natureza
recorto um jornal
afio uma faca
amarro um cadarço
pinto uma parede
e então percebo
que todos poemas
de alguma maneira
deveriam soar simples
assim.
*
atemporal
peço perdão toda vez que fecho os olhos
e consigo me desfazer da realidade
quando o ódio adormece
e os pássaros se fundem em metal pesado
e tinta amarela
quando a cantoria habitual
torna-se um ruído cortante
impossível de ser digerido
e meu pai incomodado desce da cruz
para discutirmos sobre aquele aluguel
que atrasei quando tinha
nove anos
de absolutamente,
nada.
***

Eduard Traste descobriu que não tinha salvação. Desde então vem destilando os necessários pingos de vida para seguir em frente, de seus escritos e outros tragos. Escreve no projeto http://www.estrAbismo.net, e tem materiais publicados nas revistas: Alagunas, Escambau, LiteraLivre, Philos, Ruido Manifesto e Subversa.
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