quando falou do garoto no ponto mais extremo do caquizeiro o poeta abriu uma porta no alpendre da tia-avó e eu estava lá o poeta é sabido e disso já sabia também: que eu já era eu aos dez: doce de leite, ladrilhos antiderrapantes, cama, meias 3/4 o tio doente de derrame balbuciando palavrões por anos a fio
budabariu!
*
Horizonte de eventos
na promoção da leitura do poema inédito a aréola da poeta escapa do decote
esqueço das galochas inadequadas ao ensolarado do dia das pulseiras puídas em desejos inconfessáveis do azul desbotado das unhas dos dedos da mãe dos brincos mimese do vestido de listras largas da meia calça roxa da cor de sua aréola obscura
lembro da sua tentativa de fuga às metáforas óbvias do buraco negro que lhe serviu de mote ao poema
***
Foto: Marcelo Dacosta
Humberto Pio nasceu em Mantena, nas Minas Gerais, no ano de 1972. Desde menino desenha e escreve. Adulto, mudou-se para a cidade de São Paulo e se fez arquiteto, sem abandonar o poeta. Participou da antologia Transitivos (Off Produções Culturais, 2011), apoiada pelo Proac-SP 2010. Vencedor do Prêmio Maraã de Poesia 2018 com o livro Coágulo (Editora Reformatório, 2019).
Potências da linguagem
quando falou do garoto no ponto mais extremo do caquizeiro
o poeta abriu uma porta no alpendre da tia-avó e eu estava lá
o poeta é sabido e disso já sabia também: que eu já era eu aos
dez: doce de leite, ladrilhos antiderrapantes, cama, meias 3/4
o tio doente de derrame balbuciando palavrões por anos a fio
budabariu!
*
Horizonte de eventos
na promoção da leitura do poema inédito a aréola da poeta escapa do decote
esqueço
das galochas inadequadas ao ensolarado do dia
das pulseiras puídas em desejos inconfessáveis
do azul desbotado das unhas dos dedos da mãe
dos brincos mimese do vestido de listras largas
da meia calça roxa da cor de sua aréola obscura
lembro
da sua tentativa de fuga às metáforas óbvias do
buraco negro que lhe serviu de mote ao poema
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Humberto Pio nasceu em Mantena, nas Minas Gerais, no ano de 1972. Desde menino desenha e escreve. Adulto, mudou-se para a cidade de São Paulo e se fez arquiteto, sem abandonar o poeta. Participou da antologia Transitivos (Off Produções Culturais, 2011), apoiada pelo Proac-SP 2010. Vencedor do Prêmio Maraã de Poesia 2018 com o livro Coágulo (Editora Reformatório, 2019).
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