KRÓNUS
Por supor-te flores
Pesei-te errado.
Tu pedra
De carne e leite
De uma mãe antiga.
Por supor-te flores,
Pesei-te Heras
De mãos amigas
Sobre meus pés
De figo
A beijar-me a testa.
Mas a tua floresta
É de cousas outras
É de panos
É de ossos
É de feras
E eu mastigo.
E eu mastigo.
***
A PEDRA DESFALECIDA
Ergui em mim um muro
Que me separa de ti
Às vezes, do lado de lá
– Do meu outro lado –
Tu me lanças uma pedrinha
Com uma certa nota em branco
Eu pego-a na mão
Miro-a
Retiro a
sua máscara de papel
toda ausente de falsos eus
(presságio)
Miro a pedra
Guardo a pedra
Sofro a pedra
Carrego-a comigo
Em exercício de Sísifo
Para então devolvê-la a ti
Morna
Certa vez prendi a pedra nas mãos
E estudei sua forma com a ponta dos dedos
E aprendi, na dureza do minério,
no inorgânico da comunicação
que tu eras só espectro.
***

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Max Lima é músico e poeta natural do Rio de Janeiro (RJ), Brasil. É autor do livro Tetraplegia das Coisas, que será lançado em breve pela Editora Patuá. Tem poemas publicados em sites e revistas digitais, tais como Mallarmargens, Subversa, Ruído Manifesto, Literatura&Fechadura e o Mural Kotter Editorial. É mestrando em Literatura Brasileira na UFRJ, onde pesquisa fundamentos poéticos da música e a essência musical da poesia.
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